Ao leitor
Ir direto ao assunto; não mais perguntar se os textos e as criações digitais têm o seu lugar; olhar para essa diferente materialização da escrita e perceber que algo deve ser analisado; arregaçar as mangas e fazer. A sétima edição da Texto Digital se apresenta com essa cara e vontade.
Muito nos anima perceber que os textos aqui linkados se comprometem, de fato, com a reflexão e com a conseqüente elaboração crítica acerca dos escritos digitais, sejam estes utilizados como ferramentas de projeção e difusão no espaço virtual ou mesmo utilizados como proponentes estéticos. Outra razão de ânimo é notar mais uma vez que diferentes áreas do conhecimento se aproximam para refletir o mesmo assunto.
Se em dado momento a segregação das áreas de conhecimento, e de suas diferentes formas de argumentar, foram fundamentais para o aprimoramento tecno-científico dos quais somos herdeiros, eis agora um bom momento e motivo para reaproximarmos os estudos e estudiosos, dado que um novo campo de investigação (epistemológico) surge.
Contribuindo para a consolidação dessa diferente episteme, que mais tende a agregar do que a separar, os articulistas dos ensaios que encontramos aqui propõem caminhos possíveis. Dois dentre eles moldam suas contribuições a partir, dentre outra coisas, da noção de gênero do discurso (Marco Antônio Gutierrez fala de gêneros emergentes do discurso em meio digital e Ana Cláudia Viegas propõe o conceito de “autoficção”, passando pela questão da autobiografia e de como se pode utilizar a internet nessa construção). Ivandilson Costa, por sua vez, traz uma análise das transformações pelas quais passam os fenômenos e as estratégias da publicidade, posto que ela usufrui hoje também da i(n)teratividade dos computadores. Vanda Maria da Silva Elias e Rafaela Baracat Ribeiro se debruçam sobre blogs para analisar nesse diferente registro de escrita o processo de referenciação constituído por meio de expressões nominais. A reflexão mais teórica fica por conta de Enrique V. Nuesch, que se empenhou em ler criteriosa e criticamente duas propostas de teorias estéticas para a arte digital.
Por fim, não fechando, talvez abrindo, ou intermediando essas conversas todas, temos a honra de contar com o poema digital Rupture programado por Tibor Papp, poeta Húngaro que vive de/para a poesia desde os anos cinqüenta e que sempre esteve na vanguarda das manifestações poéticas que se desenrolaram na Europa nos últimos cinqüenta anos. O poema que disponibilizamos aqui ele o fez na companhia de Claude Malliard.
Em breve publicaremos também a entrevista que estamos finalizando com um dos principais teóricos da literatira digital, Jean-Pierre Balpe.
Aos escritos.
Cristiano de Sales.
CRIAÇÕES
Rupture
Tibor Papp e Claude Malliard
ENTREVISTA
COM JEAN-PIERRE BALPE
por Cristiano de Sales
ENSAIOS
O “EU” COMO MATÉRIA DE FICÇÃO – O ESPAÇO BIOGRÁFICO CONTEMPORÂNEO E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS
Ana Cláudia Viegas
ANOTAÇÕES CRÍTICAS A DUAS PROPOSTAS RECENTES DE TEORIAS ESTÉTICAS
Enrique V. Nuesch
A TRAPAÇA E OS TRAPACEIROS: ALGUMAS SUGESTÕES PARA UMA ABORDAGEM RETÓRICA DOS GÊNEROS DO DISCURSO
Marco Antônio Gutierrez
DO IMPRESSO À CIBERPUBLICIDADE: OS PERCURSOS DO LEITOR NO ADVENTO DO PÓS-HUMANO
Ivandilson Costa
REFERENCIAÇÃO E INTERAÇÃO EM BLOGS
Vanda Maria da Silva Elias
Rafaela Baracat Ribeiro
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