<REVISTA TEXTO DIGITAL>
ISSN 1807-9288
- ano 3 n.1 2007 –
http://www.textodigital.ufsc.br/
TAVARES, O. G. Algum ritmo algorítmico: possíveis ligações entre o sintext e a poética de A. M. Melo e Castro. Texto Digital, Florianópolis, ano 3, n. 1, Julho 2007.
ALGUM RITMO
ALGORÍTMICO:
Possíveis
ligações entre o Sintext
e a poética de E. M. Melo e Castro
ANY ALGORITHMIC RHYTHM:
Possible links between Sintext and E.M.
de Melo e Castro’s poetics
Otávio Guimarães
Tavares
Graduando em Letras - Inglês
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, Brasil
nonada_1@yahoo.com.br
RESUMO:
Neste ensaio me proponho a pensar o Sintext (gerador
de texto automático) de Pedro Barbosa e os poemas do escritor português E.M. de
Melo e Castro como obra hipertextual, logrando uma
possível comparação entre suas características algorítmica literárias e uma
dialética de leitura interligada entre homem e máquina.
PALAVRAS-CHAVES: Sintext. E.M. de Melo e Castro. Algoritmo.
ABSTRACT: In this essay I intend to study Pedro Barbosa’s Sintext (automatic text
generator) and the Portuguese writer E.M. de Melo e
Castro’s poems as a hypertextual work, seeking a
possible comparison between their literary algorithmic characteristics and a
dialectics of interlinked reading between man and machine.
KEYWORDS: Sintext.
E.M. de Melo e Castro. Algorithm.
INTRODUÇÃO
O meio digital se mostra como um ambiente
propício à perpétua mutabilidade e experimentação literária onde experiências
do meio impresso podem ser levadas a extremos que antes só eram possíveis com
enormes esforços por parte do autor ou do leitor. Um desses casos é o Sintext, que age
como um multiplicador de possibilidades textuais. Um programa que revive e leva
aos extremos os jogos poéticos permutativos, em um emaranhado incalculável de
caminhos possíveis.
SINTEXT
COMO PROGRAMA
O Sintext é um
programa de computador criado por Pedro Barbosa e J.M. Torres, desenvolvido em Java
com base em uma versão para DOS. O programa é um gerador automático de textos,
disponível para utilização na internet, em que qualquer usuário tem a
possibilidade de criar um texto gerativo de acordo com a sintaxe do programa.
O usuário
alimenta o Sintext
de um texto base (denominado texto
matriz ou raiz[1])
diferenciado entre constantes[2]
e variáveis[3],
seguindo aos moldes estruturais de linguagem do próprio programa[4].
Também se pode adicionar às variáveis uma base
lexical (permutadas como variáveis). Através de sua sintaxe interna o
programa irá constituir uma união texto-léxico, utilizando os dois eixos da
linguagem para gerar as possibilidades de textos, inicialmente direcionados
pelo input do usuário humano. Assim,
o programa opera sobre os mesmos eixos da linguagem humana, eixo sintagmático e
eixo paradigmático, porém com grandes limitações, pois o programa, como todo
sistema computacional, apresenta uma operacionalidade estritamente mecânica
(BARBOSA, 2006). O resultado desta união de sintaxe e léxico, através das
maquinações computacionais, será uma permutação. Em termos mais técnicos, a
capacidade do Sintext
opera da seguinte forma: os caracteres que se encontram dentro de colchetes
acompanhados de uma etiqueta convencional [etiqueta[“caracteres”]etiqueta]
serão permutados entre si (BARBOSA, 2006). Se um texto for inserido no Sintext tendo uma
das partes marcada por uma etiqueta especifica ([x[“
“]x] pode ser qualquer denominação), e tendo no léxico a mesma etiqueta ([x[“
“]x]), tudo o que estiver contido por esta etiqueta será aleatoriamente
permutado entre si. Por exemplo, se a frase seguinte “eu estou me sentindo” [adj[“bem”]adj] “por causa do sol” tiver como léxico, as palavras mal, fora de mim, cansado, louco,
deslumbrado, estas poderão aparecer no lugar designado pela etiqueta. Esta
espécie de permutação pode ir ainda mais longe, como será exemplificado
adiante.
Uma das principais características que
diferencia o Sintext
de outros geradores de texto disponíveis na internet é o fato de que a maioria
não permite a interação e utilização de um usuário. Em outras palavras, o
programa é operacionalizado por uma sintaxe fixa, um léxico fixo; quando
acessado e direcionado para gerar um texto, os itens serão combinados pelo
sistema de acordo com a programação preestabelecida para gerar um texto dentre
as varias possibilidades existentes[5].
Um exemplo é o Postmodernism Generator <http://www.elsewhere.org/pomo>
de Andrew C. Bulhak, que tem a capacidade de gerar
ensaios literários sobre a pós-modernidade com direito a citações e
bibliografia completa, sendo que, porém, o usuário recebe um texto fixo. Outro
exemplo é o Poetry CreatOR2 <http://www-cs-students.stanford.edu/~esincoff/poetry/jpoetry.html>, de Jeff
Lewis e Erik Sincoff, que ainda
permite alguma interatividade na medida que o usuário
pode escolher “as idéias principais” do poema a ser gerado. Nesse caso o
programa apenas solicita uma série de palavras e depois as
insere nas posições predeterminadas pelo programador. No caso do Sintext, o
usuário tem sempre uma possibilidade de interação e criação, sendo esse um dos
fatores mais determinantes do Sintext como obra hipertextual.
Quando este é acessado, o usuário tem tudo o que necessita para a criação de um
texto raiz a ser permutado, desde que consiga internalizar a sintaxe do Sintext. Também
há a seu dispor três textos prontos, que o usuário pode não só permutar, mas
também ter acesso ao texto raiz, o que pode ajudar no seu aprendizado.
UTILIZAÇÕES DO LÚDICO
Em geral a
abrangência de possibilidades do Sintext se demonstra em primeira instância na linha do
pensamento lúdico como exercício da criação poética. O programa pode abranger
resultados variados em relação ao que se planeja no texto raiz, com algumas
possibilidades a serem destacadas: a possibilidade existente de utilizar o Sintext para
construir centões[6],
seguindo tradições que remontam desde versos feitos a partir da Ilíada, Odisséia, Eneida, ou,
como fez o poeta Antônio de Oliveira, a partir de versos de Os Lusíadas (ver TABELA 01).
TABELA 01 [7] |
|
TEXTO RAIZ |
POSSÍVEIS RESULTADOS |
[texto[ " In one moment, Lost beyond the reaches of man Keept
before the stars of his dreams But, in an
age where technology reaves with undaing streght, awaiting to consume all humanity perhaps, within the fragment of a
moment we may find a piece of what was lost <IN
SEARCH OF (with the
fragments of the same)" " " [ciclo000x7[ [frase["Of Man's
first disobedience, and the fruit "]frase] [tira-frase[ " " ]ciclo000x7] ]texto] [frase["Of that
forbidden tree whose mortal taste "]frase] [frase["Brought death
into the World, and all our woe, "]frase] [frase["With loss of [frase["Restore us,
and regain the blissful seat, "]frase] [frase["Sing,
Heavenly Muse, that, on the secret top "]frase] [frase["Of Oreb, or of Sinai, didst inspire "]frase] [frase["That shepherd
who first taught the chosen seed "]frase] [frase["In the
beginning how the heavens and earth "]frase] [frase["Rose out of
Chaos: or, if Sion hill "]frase] [frase["Delight thee
more, and Siloa's brook that flowed "]frase] [frase["Fast by the
oracle of God, I thence "]frase] [frase["Invoke thy
aid to my adventurous song, "]frase] [frase["That with no
middle flight intends to soar "]frase] [frase["Above th' Aonian mount, while it
pursues "]frase] [frase["Things unattempted yet in
prose or rhyme. "]frase] [frase["And chiefly
thou, O Spirit, that dost prefer "]frase] [frase["Before all
temples th' upright heart and pure, "]frase] [frase["Instruct me,
for thou know'st; thou from the first "]frase] [frase["Wast present, and, with mighty wings outspread, "]frase] [frase["Dove-like sat'st brooding on the vast Abyss, "]frase] [frase["And mad'st it pregnant: what in me is dark "]frase] [frase["Illumine,
what is low raise and support; "]frase] [frase["That, to the
height of this great argument, "]frase] [frase["I may assert
Eternal Providence, "]frase] [frase["And justify the ways of God to men. "]frase] [frase[" Say
first--for Heaven hides nothing from thy view, "]frase] [frase["Nor the deep
tract of Hell--say first what cause "]frase] [frase["Moved our
grand parents, in that happy state, "]frase] … |
<IN SEARCH OF (with the fragments of the same) Of all those myriads which we lead the chief; Driven by a keen north-wind, that, blowing dry, Left him at large to his own dark designs, With floods and whirlwinds of tempestuous fire, And after him, the surer messenger, Pavilions numberless, and sudden reared, Thy sleep dissent? New laws thou seest
imposed; ………. Of unblest feet. Him
followed his next mate; Prone on the flood, extended long and large, With ever-burning sulphur
unconsumed. In billows, leave i' th' midst a horrid vale. Thus Satan, talking to his nearest mate, Breaking the horrid silence, thus began:-- Would never from my heart: no, no!I
feel ………. He looked, and saw the ark hull on the flood, Bad influence into the unwary breast With floods and whirlwinds of tempestuous fire, On the other side Adam, soon as he heard Quaff immortality and joy, secure From standing lake to tripping ebb, that stole Cast out from God and blessed vision, falls ………. |
Neste caso o Sintext constituiria a
intermediação entre o autor do centão e a obra base
para construir uma nova criação poética, alterando-se em relação ao grau de
intermediação do usuário. Eis um exemplo de texto raiz para a permutação d’A Conceição de Tomás Antônio Gonzaga:
{-----texto raiz-----}
[texto[[ciclo001x7[[frase["Venturosos aqueles, sim
aqueles"]frase]""]ciclo001x7]]texto]
{-----léxico-----}
[frase["que a vista levantando a toda parte,"]frase]
[frase["vêem os grossos chuveiros, vêem as
ondas,"]frase]
[frase["as ondas furiosas que se espraiam,"]frase]
[frase["que inundam as campinas, que submergem"]frase]
[frase["as serras levantadas; que não poupam,"]frase]
E um
possível resultado no Sintext, embaralhando aleatoriamente sete
versos:
subiu-lhe a
cor as faces, e apontando
desce ao
profundo infernos já vem outra
buscar
agora em ti o desagravo
e sem que
perca o tempo determina
põe na
cintura as mãos: respira, e sopra.
O navio
do se retira,
os são
desejos que residem n'alma.
É claro que
os textos assim criados têm uma grande possibilidade de perderem o sentido ou
se tornarem puro nonsense[8].
Lembro também que, de forma similar aos centões
criados em outras épocas, o valor destas permutações em relação à sua qualidade
poética era fortemente questionável; e quando esta é ainda de um grau maior,
geralmente se dá quando a permutação é feita pelo autor original do poema, ou
por um artífice muito hábil em seu jogo de textos.
Outra
possibilidade a ser considerada é a criação de textos literários originalmente
pensados para o Sintext,
obras em que a permutação seria uma parte integral, intrinsecamente trabalhadas
na obra. É o caso, criado em meios físicos (papel e tinta), do Cent mille milliards de poémes de
Raymond Queneau, no qual os sonetos podem ser permutados
de tal maneira a se obter 100.000.000.000.000 de possibilidades de leituras.
Neste caso estaríamos lidando com a mesma estruturação da permutação de textos
preexistentes que vimos acima com A
Conceição, porém, no caso de um poema feito especificamente para ser
permutado, como os de Queneau, os versos podem ter
algum sentido e estruturação mais bem trabalhada entre si para a função
permutativa. (ver TABELA 02)
TABELA 02 [9] |
|
TEXTO RAIZ |
POSSÍVEIS RESULTADOS |
[texto[ "<SABEDORIA
AUTOMÁTICA>" " " " " [ciclo000x2[ [frase["
O" [1[" caminho "]1] [verb[" é
"]verb] "a" [2[" alma "]2]
"do" [1[" vento "]1]]frase] " " ]ciclo000x2] " " [ciclo001x2[ [frase[[int["
por que "]int] "o" [1[" relógio "]1] [verb[" não é como "]verb]
"o" [1[" tijolo "]1]]frase] " " ]ciclo001x2] " " [ciclo002x2[ [frase["
Tudo" [verb[" desfaz "]verb] "no momento" [adj["
verdadeiro "]adj] "da" [2["
criação "]2]]frase] " " ]ciclo002x2] ]texto] {-----frases-----} [frase["
deve-se conhecer a" [2[" queda "]2] "para contemplar
a" [2[" musica "]2]]frase] [frase["
o" [1[" sonho "]1] "da" [2[" sabedoria
"]2] "só poderá ser alcançado após o" [1[" dilúvio
"]1]]frase] [frase["
a" [2[" iluminação "]2] [verb["
como "]verb] "o" [adj[" último "]adj]
[1[" suspiro "]1] "da" [2[" loucura "]2]]frase] [frase["
o" [1[" iniciado "]1] [verb["
não é "]verb] "a" [2[" verdade
"]2] "do" [1[" mundo "]1] ", e sim o"
[1[" poeta "]1] "sem" [2[" lagrima "]2]]frase] [frase["
ser é" [verb[" chorar "]verb] "pela" [2[" canção "]2]
"da" [2[" vida "]2]]frase] [frase["
se o" [1[" nada "]1] "fosse" [1[" tudo
"]1] ", haveria o" [1[" céu "]1]]frase] [frase["
cantar é ser o" [1[" fogo "]1] "da" [2[" amada
"]2] "desprovida do" [1[" sentido "]1]]frase] [frase[[int["
quando "]int] "o" [1[" centro "]1] "for o"
[1[" exterior "]1] "os fragmentos serão um" [1["
verbo "]1]]frase] {-----lexico------} {--1
é subj masculino--} [1["
passagem "]1] [1["
fragmento "]1] [1["
momento "]1] [1["
tolo "]1] [1["
principio "]1] [1["
ser "]1] [1["
não-ser "]1] [1["
sensível "]1] [1["
inteligível "]1] [1["
infinito "]1] [1["
texto "]1] [1["
corpo "]1] [1["
olhar "]1] [1["
conhecer "]1] [1["
retorno "]1] {--2
é feminino--} [2["
procura "]2] [2["
água "]2] [2["
engrenagem "]2] [2["
luz "]2] [2["
idéia "]2] [2["
árvore "]2] [2["
morte "]2] [2["
ilusão "]2] [2["
visão "]2] [2["
dialética "]2] [2["
intuição "]2] [2["
palavra "]2] [2["
psique "]2] [2["
percepção "]2] [2["
inteligência "]2] {--verbos--} [verb[" faz "]verb] [verb[" cria "]verb] [verb[" destrói "]verb] [verb[" recria "]verb] [verb[" contempla "]verb] [verb[" circula "]verb] [verb[" chama "]verb] {--adjetivos--} [adj[" supremo "]adj] [adj[" incompreensível "]adj] [adj[" ideal "]adj] [adj[" dourado "]adj] [adj[" negro "]adj] [adj[" avermelho "]adj] [adj[" criador "]adj] |
<SABEDORIA
AUTOMÁTICA> cantar é ser o infinito da percepção
desprovida do ser Tudo destrói no momento supremo da
engrenagem deve-se conhecer a amada para contemplar a
percepção O relógio
contempla a percepção do momento o poeta da vida só poderá ser alcançado após
o fragmento se o conhecer fosse tolo , haveria o céu ... deve-se
conhecer a luz para contemplar a morte o tudo
faz a amada do dilúvio , e sim o corpo sem intuição se o passagem fosse céu , haveria o dilúvio o texto
desfaz a queda do centro , e sim o ser sem canção Tudo chama no momento último da inteligência
deve-se conhecer a verdade para contemplar a
idéia ... o
fragmento da lagrima só poderá ser alcançado após o verbo a engrenagem
desfaz o supremo poeta da
iluminação quando o texto for o relógio os fragmentos
serão um fragmento Tudo destrói no momento último da intuição ser é desfaz pela musica da canção a luz
circula o negro sensível da
queda |
Mais uma estruturação
a ser perseguida, no caso de criações poéticas via Sintext, seriam as propostas algorítmicas de E.M. de Melo e Castro,
sugerida diretamente em seu poema Combinatória
Existencial (demonstração humana de uma lógica algorítmica).(ver TABELA 03)
TABELA 03 [10] |
|
TEXTO RAIZ |
POSSÍVEIS RESULTADOS |
{--O
tempo das horas se vai não se vão--} [texto[ [ciclo001x24[ [frase[[1["
o tempo "]1] [tira-1[ [1["
das horas "]1] [tira-1[ [1["
se vai "]1] [tira-1[ [1["
não "]1] [tira-1[ [1["
se vão "]1] [tira-1[ ]frase] [repoe-1[ " " ]ciclo001x24] ]texto] |
das
horas se vão se vai
o tempo não não
das horas o tempo se vão
se vai das horas
o tempo não se vão
se vai se vai
das horas não o tempo
se vão não o
tempo se vai se vão
das horas não
das horas se vai o tempo
se vão se vão
o tempo se vai não
das horas das horas
se vão se vai o tempo
não se vai
se vão das horas o tempo
não se vão
das horas se vai não
o tempo se vai
das horas se vão não
o tempo não
se vai se vão das horas
o tempo das horas
se vão não o tempo
se vai das horas
se vai o tempo se vão
não se vai
das horas o tempo se vão
não das horas
não o tempo se vai
se vão não
se vai das horas o tempo
se vão se vão
se vai das horas não
o tempo se vão
se vai das horas não
o tempo das horas
não se vai se vão
o tempo das horas
se vai não o tempo
se vão se vai
não das horas o tempo
se vão se vai
das horas o tempo se vão
não das horas
não o tempo se vão
se vai |
{--abre
a porta do centro do todo--} [texto[ [ciclo001x24[ [frase[[1[" abre "]1] [tira-1[ [1["
a porta "]1] [tira-1[ [1["
do centro "]1] [tira-1[ [1["
do todo "]1] [tira-1[ ]frase] [repoe-1[ " " ]ciclo001x24] ]texto] |
a
porta do centro abre
do todo do centro
abre a porta do todo do centro
a porta abre do todo a porta
do centro do todo abre abre
do centro a porta do todo abre
do centro a porta do todo abre
do todo a porta do centro abre
do centro do todo a porta do centro
abre do todo a porta do centro
abre do todo a porta abre
do todo do centro a porta do centro
a porta abre do todo do todo
do centro abre a porta do todo
a porta do centro abre do todo
a porta abre do centro a porta
abre do centro do todo abre
do centro a porta do todo do centro
a porta do todo abre abre
do centro do todo a porta do centro
a porta abre do todo a porta
abre do centro do todo a porta
do centro do todo abre do todo
a porta abre do centro a porta
do centro do todo abre |
{--morto
morro vivo--} [texto[ [ciclo001x6[ [frase[[1[" morto "]1] [tira-1[ [1[" morro "]1] [tira-1[ [1[" vivo "]1] [tira-1[ ]frase] [repoe-1[ " " ]ciclo001x6] ]texto] |
vivo morto
morro morro
vivo morto vivo
morro morto morto vivo
morro morro
morto vivo morto morro vivo |
Este estilo de pensamento e criação
algorítmico-poético existe inteiramente e mecanicamente no Sintext:
{----texto
raiz----}
[texto[
[ciclo001x7[
[frase[[1["abre
"]1]
[tira-1[
[1["a
porta "]1]
[tira-1[
[1["do
centro "]1]
[tira-1[
[1["do
todo "]1]
[tira-1[
]frase]
[repoe-1[
"
"
]ciclo001x7]
]texto]
Acarretando
os possíveis resultados:
do centro a
porta abre do todo
abre do
centro a porta do todo
do centro
abre a porta do todo
abre a
porta do centro do todo
a porta do
todo do centro abre
do todo a
porta do centro abre
abre do
centro do todo a porta
Estes
versos se mostram muito próximos de alguns poemas de Melo e Castro, porém,
neste os poemas são acrescidos de mais um item: o ser humano, que tem a livre e
total capacidade de intervir em qualquer regra algorítmica.
A POÉTICA
DO SER PELA MÁQUINA
Podemos
pensar no Sintext
como uma máquina que de alguma maneira tenta mimicar
ou chegar mais perto da criação literária; o ser criador sendo acrescido de uma
máquina algorítmica que pode facilmente converter as possibilidades numéricas
de um texto (texto como conjunto de constantes e variáveis) em resultados
visíveis e receptíveis para uma fruição por parte de um leitor. A máquina se
torna parte do criador ou uma máquina acrescida de um ser humano para se tornar
parte de uma ação puramente humana[11]
- a criação literária. Na visão de Pedro Barbosa (2006), a máquina Sintext participa
do ser como uma forma de prótese mental, pelo modo em que ela se insere no
processo criativo.
O
Sintext
funciona basicamente como um permutador de variantes, onde os caracteres do texto
escolhidos pelo autor podem ser permutados entre os caracteres designados como
léxico (base de itens a ser permutada). Pode haver uma permutação dentro de uma
permutação, dentro de outra permutação, e assim sucessivamente, até que a
vontade do escritor decida dar um fim a esse perpétuo jogo de espelhos (ou até
o programa travar por excesso de possibilidades). Pode-se criar um texto com
parágrafos permutados (ex. múltiplos parágrafos a disposição do programa, dos
quais somente três serão aplicados), dentro dos quais se encontram frases
permutadas, que por sua vez trazem palavras permutadas - aumentando quase
infinitamente a chance de diferenciação entre os textos resultantes.
Os
resultados desse tipo de operação permutativa são textos criados por um autor,
porém sem implicar um texto fixo, objetivamente planejado em termos de sua
forma final; potencializando o texto de modo a poder ser atualizado das mais
diversas formas (sendo este potencial a imagem de um texto que jamais é
atingido, no sentido ontológico da questão). Este texto raiz que é inserido como fonte de textos no Sintext apresenta características
de uma figura de árvore, onde cada ramo de possibilidades é delimitado, levando
a demarcação de um caminho entre as múltiplas passagens, aleatoriamente a serem
calculadas pela sintaxe mecânica do computador. Pedro Barbosa denomina estes
textos de generativos
e a sua modalidade como literatura algorítmica (BARBOSA, 2006).
Algorítmico sendo um modelo de regras e métodos lógicos específicos a serem
aplicados sobre dados (no caso do Sintext – as variáveis ou léxico) alcançando um resultado
puramente calculável. O leitor assim recebe um texto pronto e definitivo no
sentido de estrutura legível, porém jamais definitivo em relação aos outros
textos da mesma raiz, sempre existindo a possibilidade de haver outro texto,
outro resultado que autor nunca planejou como fixidez especifica a ser lida.
O
computador se caracteriza na cibercultura como uma
“máquina aberta”, em que o output,
através da máquina, se torna significativamente diferente do input original. Isto em oposição às
“máquinas fechadas” onde o input e output são relativamente o mesmo (por
exemplo, um gravador). No caso do Sintext, isso irá abrir caminho para a concepção do
computador como máquina semiótica manipuladora de
significados dentro da mensagem literária. O Sintext age como uma parte da
criação literária, entrelaçando o autor e o leitor em um momento de
pós-concepção da obra pelo autor (concepção como fato ontológico), porém
anterior a uma concretização material do objeto artístico[12].
São criadas as possibilidades, mas não são fixadas como finais, pelo contrário,
são abertas para que o computador as termine e delimite de maneira aleatória; o
autor de certo modo adia ad infinitum a
sua decisão sobre a obra, ou ainda, deixa esse último estágio autoral nas mãos
de um leitor em união com um computador. Também o texto se dá a ser comparado
infinitamente com as múltiplas versões, compara-se um texto com todos os seus
predecessores (texto x1 comparado a x2 etc.).
Lembramo-nos aqui da proximidade desta forma de criação com a descrição
feita por Umberto Eco em seu livro Obra
Aberta, onde ele, em parte, descreve certas formas de interação musical em
que o músico tem a capacidade de interagir com a composição deslocando certos
trechos da partitura. Aqui entra em questão o valor permutativo, em que uma
mesma base pode ser utilizada e rearranjada inúmeras vezes para gerar
diferentes resultados artísticos; resultados que não se restringem a uma
alteração superficial, mas sim em alterações da obra como um todo, na mensagem
a ser transmitida. Este processo está sempre incentivando uma obra sem
original, um contínuo de textos a serem reproduzidos constantemente com base em
si mesmo – uma obra aberta ao campo de possibilidades que ela mesma trás.
Abertura que em sua essência deve ser entendida pelo leitor como parte da
mensagem da obra – um significante a ser lido no todo, não como recurso
descartável presente apenas por razões lúdicas, mas sim potencial, pois
especialmente essas ludicidades devem ser lidas como
significações dentro da obra.
O Sintext não é
só uma ferramenta de criação, ele também é um significante gerador de
significantes – uma criação artística por si mesmo. Ele é uma obra literária
geradora de obras através da interação necessária dos dados entre leitor/autor.
Ao leitor/autor é dado a manipular um ambiente pré-textual de dados para gerar
um significante-raiz que irá, através do processo algorítmico, gerar inúmeros
significantes. Esse processo de criar um texto que cria outros textos permite
ao autor aprender através dos seus próprios processos. Cria-se um algoritmo e
depois se afasta para observar e aprender com o processo criador; cria-se uma
leitura e depois se afasta para ler o processo de leitura. O leitor não só lê o
significante gerado, mas toda experiência de geração e a experiência de
experimentação no meio digital; uma metapoesia
digital.
Esse
tipo de interação já se encontrava presente na época medieval e barroca, e até
mesmo na Grécia antiga. Todas essas características realçadas do Sintext existem
de maneira menos evidentes nos texto impressos. O livro impresso também é um
objeto ou ferramenta significante, ele também pode ser lido como um todo. O Cent mille milliards de poémes de
Raymond Queneau é um exemplo físico de livro que
exige ser lido como processo; um processo que, de maneira menos evidente, pode
ser visto em qualquer livro. A diferença mais marcante entre os livros físicos
e o Sintext
é que este, através de sua construção de construções no meio digital, causa um
estranhamento no leitor, chamando-o a ler de outra maneira. A geração de texto
sempre existiu como processo literário, o Sintext apenas automatiza esse
processo. O livro impresso, talvez por termos um contato constante com ele, já
não nos causa nenhum estranhamento. Alguns livros impressos tentam quebrar essa
padronização. O próprio ato hipertextual, como no Se una notte d'inverno un viaggiatore
de Italo Calvino, questiona o livro padrão com suas
múltiplas leituras. O que o Sintext faz é colocar em questão o objeto e seu meio.[13]
A
capacidade de manipulação de dados pré-escritos já ocorrem com a programação em
html ou
outros tipos de programação, porém ela é muitas vezes restrita a um ambiente
especifico em que apenas aqueles “poucos iniciados” conseguem ler a linguagem,
quase secreta, de programação. O Sintext chama o leitor a interagir com o texto, com o
estagio pré-texto onde o texto é apenas programação. Para operar e interagir
com o Sintext,
é essencial que o leitor se atreva a brincar e manipular a linha de programação
que muitas vezes se mantinha distante.
A
capacidade do Sintext
de permitir que o leitor interaja com o processo de programação do texto
digital vai contra o fluxo dos processos digitais de hoje. A maioria dos
programas que permitem ao usuário interagir com o espaço virtual, o fazem de
maneira a aliená-lo do processo bruto de objeto digital. Para facilitar a
interação, os programas interpõem entre o usuário e seu objeto uma série de
interfaces. O usuário trabalha e manipula indiretamente o digital através de
múltiplas simulações – veladas a seu conhecimento. Todos esses véus de
interação geram um distanciamento entre o criador e a criatura no ambiente
digital. Esse distanciamento virtual pode criar um efeito muito próximo ao das
antigas linhas de montagem. Pelo distanciamento entre o operário e o resultado
da linha, o operário não tinha um pleno reconhecimento do objeto que ele
criava, ele não via nenhuma parte dele na sua criação. O operário ficava
desvinculado de sua criação, sobrando apenas uma vertigem vazia de seu papel no
processo criativo. Essa mesma vertigem é atualizada nos processos digitais que
interpõem entre criador e criatura uma série de interfaces; gerando uma arte
que não se dá a ver pelo ser humano. O Sintext, ao contrário da maioria dos programas, traz a
interface de programação ao criador, forçando-o a interagir diretamente com a
base de uma linguagem computacional, na maioria das vezes ocultada do mundo.
O
Sintext
delimita as possibilidades de mensagem através de um processo algorítmico,
estruturando o conteúdo nos moldes sintáticos criados pela vontade do autor,
para que o resultado (neste caso uma mensagem poética) possa ser entendido pelo
leitor como uma mensagem legível. Há nesta delimitação uma redução quantitativa
do sinal físico, porém neste âmbito literário a diminuição de possibilidades
não acarreta a uma redução das possíveis significações, sendo que a mensagem
poética se caracteriza por uma ambigüidade que aumenta as possibilidades de
interpretação por parte do leitor (em relação a uma mensagem mais ou menos
estruturada), que anteriormente não teria como ser “lida” no texto raiz; isso
diante da maneira em que o programa é relacionado com os constituintes da
mensagem. Para o Sintext
qualquer feixe de informação ou caracteres inseridos no seu campo serão
considerados apenas como informação física bruta, ou dados puramente
calculáveis e quantificáveis - conteúdo alfanumérico. Tanto antes da permutação
como após, ele será sempre uma máquina a encarar dados sem significado
semântico. Para o leitor humano esses dados constituem uma mensagem, um
conjunto de significantes a serem compreendidos diante da infinidade de
relações semânticas possíveis. No primeiro momento em que o texto raiz ainda
não foi permutado temos um aglomerado, um tanto lógico, para as relações a
serem feitas – pode-se pensar de certo modo num caos de dados incompreensíveis
a um humano comum. Já no momento da escolha há o que poderia ser demonstrado
através de uma arborização de escolhas possíveis, onde o Sintext aleatoriamente
constituirá um texto a ser entregue ao leitor diante do repertório textual. Na
visão do leitor esses mesmos dados serão considerados informação semiótica, com
a possibilidade de serem compreendidos como mensagem - passam a ser
significações. As escolhas são feitas no nível
textual pelo computador programado pelo autor (que deixou a escolha final
em aberto), e depois pelo leitor no nível
significativo (que também pode escolher deixar as possibilidades de
interpretação abertas) – assim os dados adquirem significações diante do olhar
do leitor.
A POÉTICA DA MÁQUINA PELO SER
Proponho
agora um breve olhar à obra poética em sua forma de repetição; não como uma simples
constante imóvel, mas uma tentativa de atingir o ritmo através de meios tanto
físicos quanto metafóricos. A repetição pode ser considerada, em sua essência,
uma parte constante de qualquer poética; desde o Gênesis, com suas repetições
ilustrando a criação do mundo em sete dias, através da época barroca, até as
poéticas digitais, criando ambientes virtuais onde os sentidos e palavras
repetem-se indefinidamente com o ritmo sempre avassalador das máquinas e
engrenagens (o caso talvez do Sintext). Eu gostaria de propor que a poética de E.M. de
Melo e Castro representa uma tentativa de mecanicidade pelo homem, em que os
versos apropriam-se dos sons, ritmos, às vezes até do sentido maquinal em meio
a um aflorar poético, transmitindo sua rede de significados. Tomamos
inicialmente como exemplo estes versos:
Projecção real
1. Lá, no
istmo do mundo
quando o
céu começa a devorar
os homens
os pássaros
são folhas
de contemplação
inutilmente
abertas.
2. Lá, no
istmo do mundo
onde o céu
começa a devorar os homens
os deuses
sabem muito bem
que os
homens sofrem ainda
uma
impossível canção.
3. Lá, no
istmo do pensamento
onde depois
se estende
a música
além da dúvida
nasce da
terra a flor já esperada
e súbita
desponta no horizonte
a negativa
madrugada.
4. No
limite está a soma
da música e
do sangue
do sábio e
do algoz.
No limite
está o nada
inquieto
esperando
por nós.
5. O limite
é visível
basta saber
usar os sábios membros
contra a
parede que os olhos levantam
e os dedos
apertam.
6. Estamos
certos
exóticos e
belos
quietos
descolando
selos.
7. Os
limites são nossos
o solo é
nosso
o ar é
nosso
aqui,
embora haja
mais ar
mais gente
e mais
terra
no segredo
que destrói
a flor.
8. No istmo
do mundo
onde os
homens choram
nascem aves
discretas
que os
devoram.
9. Lá, na
água suprema
todos temos
uma luz
para os
lábios
perdidos
e a paz
impõe
os braços
sobre a
flor
dos
sentidos.
10. No
istmo da vida
a vida
continua
apesar das
árvores.
11. O meu
amor cabe em qualquer pétala
ou no
ferrão de unia abelha
ou no motor
cheio de esperança.
O meu amor
é um sopro
que uni
ramo desvia
tem o peso
de uni segundo
é mais
forte que a terra.
O meu amor
é uma
pequena ligação
entre
coisas visíveis
istmo da
terra
onde os homens devoram
o começo do
céu.[14]
Onde as
palavras lentamente se alteram com o progredir do poema, construindo uma
engrenagem de sentidos possíveis. O algoritmo é metaforizado diante de uma
idéia muito maior da obra como um todo; pode-se seguir lentamente comparando
cada verso aos seus antecessores para observar o que se alterou, o que se
tornou novo, um exercício que nos remete a máquina, e ao mesmo tempo é
incentivado pelo poema.
Deve-se
observar que a mecanicidade no ser humano se comporta de maneira diferente de
como se comportaria o ser humano na máquina. Pode-se dizer que o ser humano tem
total capacidade de pensar de maneira algorítmica como a máquina, mas,
diferente de um dispositivo maquinal, o homem tem a capacidade de acrescentar
ou alterar a realidade inicialmente proposta, enquanto a máquina seque um axioma
fixo que é logicamente calculável. No momento que o computador recebe uma
informação que de alguma maneira seja incalculável ou ponha em paradoxo seu
sistema, ele trava. Não há como ir além do que foi inserido, além de sua
estrita face algorítmica. Neste contexto o Sintext não faz nada que não seja
cálculos brutos substituíveis pelas escolhas de um usuário. Este processo
lógico é reciprocamente concebível tanto ao ser humano quanto à máquina, porém
o humano pode ultrapassar esta primeira instância puramente lógica, recriando o
algoritmo não mais como aspecto físico, mas metáfora poética. Dentro de um
ambiente axiomático como o algoritmo, qualquer incompreensão será apenas
considerada como ruído a ser ignorado, porém na poesia são justamente estes
ruídos que dão aos versos uma vida constantemente a se renovar.
CONCLUSÕES
Em geral o
que foi mais explorado até este momento foi uma leitura do Sintext como programa de geração
de textos algorítmico em um ambiente digital que anseia por inovações. Pode-se ver
a ligação do Sintext
com as idéias de Umberto Eco sobre a obra aberta, e a possibilidade que este
programa representa diante do desenvolvimento de uma literatura digital. Leu-se
o digital pelo viés de uma literatura impressa de nossa tradição, apenas esboçando
os poemas de E.M. de Melo e Castro; agora há de se procurar o caminho inverso,
e ler o objeto impresso através do digital. Cria-se assim uma dialética sem
hierarquia em que nenhum objeto esta à frente do outro, mas ambos criando a
possibilidade de um modo de leitura nova, olhando um pelo olho do outro.
REFRÊNCIAS
BARBOSA, Pedro. Ciberliteratura: criação literária e computador.
Lisboa: Cosmos, 1996.
______________. O computador
como máquina semiótica: Revista de
Comunicação & Linguagens, Universidade Nova de Lisboa, n. 29, Abril
2001. Disponível em
<http://www.pedrobarbosa.net/artigos_online-pdf/artigo-rcl.pdf> Acessado
em: 7 Fevereiro 2006.
CASTRO, E. M. de Melo e. Antologia efêmera: poemas 1950-2000. Rio de Janeiro: Lacerda, 2000, p.340.
ECO, Umberto. Obra aberta: forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas. São Paulo:
Perspectiva, 1971, p.284.
GENETTE, Gerard. Figuras. São Paulo: Perspectiva, 1972,
p.255.
HATHERLY, Ana. A experiênce do
prodígio. Lisboa: I.N.C.M., 1983, p.281.
SANTOS, Alckmar
Luiz. Leitura de nós: ciberespaço e
literatura. São Paulo: Itaú Cultural. 2003, p.148.
REFERENCIAS DIGITAIS
POESIA EXPERIMENTAL
PORTUGUESA. Disponível em
<http://po-ex.net>. Acessado em: 7/Mai./2006.
LEWIS, Jeff; SINCOFF, Erik. POETRY CREATOR2.
Disponível em
<http://www-cs-students.stanford.edu/~esincoff/poetry/jpoetry.html>.
Acessado em: 2/Mar./2006.
BULHAK, Andrew C. POSTMODERNISM
GENERATOR. Disponível em
<http://www.elsewhere.org/pomo>. Acessado em: 15/Dez./2005.
SINTEXT. Disponível em
<http://www.pedrobarbosa.net/SINTEXT-pagpessoal/SINTEXT.HTM>. Acessado
em: 4/Set./2005.
UBU WEB. Disponível em <http://www.ubu.com/>. Acessado em:
12/Jan./2006.
<REVISTA TEXTO
DIGITAL>
[1] Pedro Barbosa denomina o
texto base de matriz, porém eu
prefiro pensá-lo como raiz,
lembrando uma imagem arbórea, tanto nas raízes como nos ramos. Onde cada raiz é
uma possibilidade a ser trilhada, e o leitor tendo acesso à ponta de uma delas
como texto final.
[2] O imutável que sempre
pertence no texto não importa quanto ele se altere.
[3] O que será permutado entre
outros itens da mesma etiqueta.
[4] Simplesmente uma roupagem em
que se deve situar o texto para dar-lhe o significado operacionalmente
compreensível em termos de programação. Uma linha de comando que é
relativamente mais simples em relação à linguagem HTML ou Java.
[5] Muitas vezes esse limite de
interação do usuário e predeterminação de material léxico permite que o
programador tome conhecimento antecipado dos possíveis erros sintáticos que o
programa pode produzir em relação a língua a ser utilizada (que para a máquina
não seriam erros de acordo com sua programação), podendo anular tais ligações
de palavras ou estruturas.
[6] Poemas criados a partir de
versos de outro autor.
[7] O texto raiz na tabela
esquerda tem como base o épico Paradise Lost de John Milton. Na direita estão três resultados
diferentes usando o mesmo texto raiz. Com um trabalho mais arquitetado é
possível criar um texto raiz e uma base lexical que gere sonetos perfeitamente
corretos aos moldes de versificação – uma maquina de fazer centões.
[8] Fato facilmente observado em
poemas de maior grau narrativo. Já os poemas simbolistas não sofrem o mesmo
efeito.
[9] Essa raiz foi pensada
diretamente para o Sintext.
Consiste em uma primeira tentativa de gerar aforismos de caráter “filosófico”.
No léxico há onze possibilidades de frases, dos quais apenas seis serão
escolhidas para pertencer ao texto final. Dentro destas frases existem
possibilidades de palavras a serem permutadas, fazendo a devida diferença entre
verbos, sujeito masculino e femininos e adjetivos. Apesar disso ainda existem
vários problemas gramaticais com os textos finais, mas os resultados ainda são
interessantes.
[10]
Aqui eu tentei uma
experimentação do tipo proposto por Melo e Castro em seu poema Tudo Pode ser Dito
[11] Não ignorando aqui as varias
relações existentes entre ser criador e máquina; cinema, fotografia, artes
plásticas e até mesmo a imprensa para os livros, que de certa maneira dialogam
com o maquinário do objeto livro.
[12] ver a nota anterior.
[13] É possível que um leitor se
acostume com o processo do Sintext. Algo comum entre programadores, em que ele descarte
a interface visual e programe apenas através da linha de comando html. No caso do Sintext isso
seria um momento em que o autor não mais gerasse vários textos, apenas
cumprindo os processos em sua mente, lendo apenas o texto raiz sem necessidade,
ou vontade de ler os textos finais. Acostumando-se com o meio.
[14] CASTRO, E. M. de Melo e. Antologia efêmera: poemas 1950-2000. Rio
de Janeiro: Lacerda, 2000, p.92.